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Laginha, Arguelles, Norbakken
Atlântico
CD Edition Records 2020

 

 

Atlântico é o segundo disco do trio Laginha – Arguelles - Norbakken. A amizade dos três músicos remonta aos anos 90 do século passado e a um memorável e atribulado concerto do trio em Serralves. Dez anos depois, e agora pela mão de António Curvelo e como celebração do 20.º Jazz no Parque, em 2011, o trio voltou a encontrar-se em Serralves num concerto que originou o primeiro disco. O Atlântico que os une: entre Portugal, a Grâ-Bretanha do saxofonista e a Noruega da origem e a África que inspira o percussionista; é o argumento para a presente reunião.

Ao contrário do primeiro disco, integralmente composto por Laginha, os três músicos compõem para Atlântico, sem que isso perturbe a sua homogeneidade. Eles partilham de um mesmo ideal de beleza e de beleza na música, que se revela nas composições e na execução. Mário Laginha é um pianista lírico e elegante, mesmo quando é mais percussivo («Jaamm Rek») ou quando se aproxima de Bach («Silêncio» ou «Cães á Solta»). Alternando no tenor e no soprano, Julian Arguelles é um saxofonista impressivo, mas algumas das suas composições («The 3 J’s» e «Sweetie») são marcadas por uma melancolia que será mais comum nos autores portugueses, e ele surge até mais enérgico nos temas alheios. Mais discreto, mas omnipresente na marcação rítmica, secundando o piano, o norueguês oferece exotismo à música. Diria que o grupo sobreviveria sem as percussões, mas elas são responsáveis pela singularidade do trio.

Música muito bonita, tranquila, o reencontro de três amigos.

 

Mário Laginha(p),
Julian Arguelles (s),
Helge Andreas Norbakken (per),

(Este texto foi publicado no Jornal de Letras)